terça-feira, 14 de abril de 2009

Uma chama ardente!

Uma chama ardente!
(Escrito em 1997)

Depois disse Jesus ao povo: – Ao vir aqui e estar entre vocês é como um fogo o que eu vim trazendo, disse. Eu digo comigo, eu queria que ele já estivesse queimando agora. Minha vida é como um fogo, disse. Lc. 12:49 (Retroversão Waiãpi).
A figura do fogo é multiplamente usada nas Escrituras. A palavra é comparada ao fogo como tendo poder purificador e expurgador; Deus é comparado a um fogo consumidor; o Espírito também trás a figura do fogo.
Porém, no texto acima, Jesus declara que a sua missão foi vir atear um fogo na terra e diz que desejava que este fogo já estivesse ardendo. E então, o que representa esse fogo em sua missão? O contexto nos deixa ver que o reino de Deus teria a função de separar, de dividir as pessoas da terra. O príncipe das trevas fora julgado e esse juízo se manifestaria entre os homens. Haveria um antagonismo entre os que estariam comprometidos com o reino de Deus e os que não estariam, seria a rejeição que os filhos das trevas imporiam aos filhos da luz. A unidade que os homens mantinham a respeito de coisas mundanas sofreria um duro golpe com a implantação dos valores do reino de Deus; a autoridade do príncipe deste mundo seria golpeada, suas obras estavam sendo desfeitas, seus cativos seriam libertos, retirados do seu domínio e seu reino transtornado. A contra-cultura do Novo se moveria na contra-mão do antigo...
Incluo na aplicação desse texto a força da ação missionária da Igreja. Ela tem que estar ‘ardendo’ contra o reino das trevas. Quando Jesus disse ‘.... edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela...’ ele estava querendo expressar que a igreja estaria envolvida numa ação saqueadora resgatando súditos do reino das trevas. É a igreja que não ficaria na defensiva mas avançaria contra as portas do inferno arrombando-as para libertar os que jazem sob a influência do príncipe das trevas.
Costumo dizer que os campos não evangelizados parecem um cativeiro cercado, murado, vigiado e aparentemente imbatível. Aparentemente porque se a igreja os observar à distancia ela vai dizer -- não tem jeito, nada conseguiremos ali, como disseram os dez espias ‘as cidades estão cercadas, fortificadas, eles são fortíssimos e nós nada conseguiremos.’ Mas se somos herdeiros da fé de Josué e Calebe então diremos ‘subamos contra eles e os conquistaremos’!
Jesus disse ‘quem dera que o fogo já estivesse ardendo’. Meus irmãos, a nossa querida Igreja Evangélica Brasileira está começando a satisfazer o desejo de nosso Senhor! No final de 1977 eu estive em S. Paulo e conheci lá na congregação da Vila Nilo o Rev. Silas, (creio que era sucessor do Revo. Evandro no Paraguai) e me lembro de ter sido informado que ele era o único missionário da IPB no exterior. Eu já tinha vocação missionária e fiquei muito feliz em conhecê-lo mas fiquei inconformado com o fato dele ser o único missionário de nossa Igreja no exterior.
Logo depois em janeiro de 78 eu seria examinado para ordenação ao ministério na XIIIa reunião ordinária do PCBU. O meu sermão de prova, como era de se esperar, seria um sermão missionário e eu citei aquele fato e extravasei: ‘Meus irmãos, alguma coisa precisa mudar em nossa Igreja. Toda a IPB tendo um único misionário no exterior!? Não. Não posso me conformar, nossa visão missionária está muito pequena. Que Deus tenha misericórdia de nós’.
Pois bem, dezenove anos se passaram e posso constatar que Deus está acendendo a chama missionária que já está ardendo em boa parte de nossa Igreja. A igreja da sarça ardente está começando a provar a chama ardente de Jesus. Em outubro de 96, meu coração rejubilou-se ao participar do Primeiro Congresso Transcultural da JME e perceber como a visão e ação missionária da Igreja cresceu.
Hoje, dezenas de países estão sendo alcançados por nossos missionários. Também muitas igrejas estão organizando secretarias de missões e conselhos missionários, e há um despertar missionário genuíno no seio da igreja. Creio que do mesmo modo que a JME cresceu e formou-se a APMT, a JMN deve ter crescido também. Além disso, fora dessas juntas, muitos obreiros de agencias missionárias indenominacionais são membros da IPB agindo em parceria missionária com essas agências. Louvado seja o Senhor por tudo isso!
Mas, como disse acima, a chama está ardendo apenas em uma parte da nossa Igreja ainda; sinto que o movimento missionário na nossa igreja é como fogueiras esparsas: uma aqui outra acolá. Nossa igreja tem um potencial missionário muito maior do que o já estamos vendo. Gostaria de ver um incendio geral na nossa Igreja pois ainda há muitas igrejas apáticas com relação a evangelismo e missões, elas precisam do fogo que Jesus veio atear...
Lembro-me que na minha infância gostava muito de ir na queimada do roçado para o plantio da roça. Fazíamos o aceiro para o fogo não ultrapassar atingindo os campos ao redor. Então os que iam atear o fogo se colocavam em pontos estratégicos com tochas preparadas; aí, com um sinal, todos começavam a atear fogo em vários pontos. Em pouco tempo os pontos de fogo se alastravam se encontravam e, conforme o vento, tudo se transformava num grande incêndio geral. Era lindo observar aquilo de fora.
Meu irmão, deixe-me perguntar-lhe: Você tem coragem de andar na contra-mão? Tem combustível pra queimar? O fogo da missão de Jesus arde em seu coração? Já se colocou a serviço do reino de Deus resgatando cativos do outro ‘reino’? Você provoca rupturas no reino das trevas? Deixe o fogo arder em seu coração, deixe-o consumir você imitando aquele que disse “o meu amor pelo teu Templo queima dentro de mim como fogo” Sl. 69:9 Jo. 2:17
Como é o envolvimento missionário de sua igreja? Se a chama arde em você certamente não vai ficar só nisso. Assim como o vento espalha o fogo no roçado, deixe o vento do Espírito soprar em você espalhando sua chama para os que estiverem perto de você e sua igreja pode arder.
Mas na história da igreja avivamento, evangelização e missões andam juntos. Há de se ter santificação, rompimento com interesses mundanos, compromisso com os valores do alto, busca da vontade do Pai e então há de se ver uma igreja em chama ardente. O combustível desta chama é vidas no altar, é a oferta do corpo em sacrifício vivo aliada à transformação da mente mediante a assimilação da escala de valores do reino de Deus. Rom. 12:1-21 Isso vai custar caro, vai gerar antagonismo. A oposição poderá começar dentro de você mesmo (Gál. 5:17) e poderá vir de fora também (II Tm.3:12)
A chama missionária da igreja devia ser como a lâmpada do templo que jamais se apagava. Tinha que queimar incessantemente. Mas por que muitos não ardem de paixão misionária? Ah irmãos! Como no passado, muitas vezes tem havido fogo estranho no meio do povo de Deus. Há cristãos que deixam o seu interior ficar abrasado pelo hedonismo -- buscam o seu próprio prazer acima de tudo mais; há outros que estão abrasados pelo materialismo e consumismo característicos de nossa sociedade – estão muito ocupados em acumular tesouros na terra; há outros ainda que que estão aquecidos na sala do comodismo onde reina a apatia e indiferença. Como carecemos do sopro do Espírito que pode eliminar o fogo estranho e também levantar as cinzas reativando as brasas do primeiro amor...
Como fiz em 1978 continuemos a pedir maior despertamento missionário como jamais visto na nossa igreja. Deus será glorificado, o reino das trevas será ainda mais abalado e os mensageiros de Deus se levantarão e irão aonde o Senhor os enviar e todos diremos Maranata! Assim seja!
Rev. Silas de Lima. Missionário APMT/MNTB